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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Poema: BRIGANDO COM MEU SANTO


Noites  após noites, escrevi pensamentos ditados
por minhas insônias.
Arrependimentos  por haver recuado  ou  desistido.
Covardes omissões,  tempestuosas decisões...
Nada me parecia ter sentido.
Palavras soltas, como folhas de outono, denunciavam
sentimentos sepultados, ressurreição de um passado 
que não foi perdoado.
Tormentosas lembranças, sem nenhuma esperança, 
que ainda flutuam como plumas  ao vento.
Nada se acalma, nem as orações  encontram amparo.
Meu Santo Protetor, com desprezo  me falou, cobrando
promessas que nunca fiz.
Ressentido e magoado, vou trocar o Santo, por não 
haver me perdoado.
De velhaco me chamou  e até, injustamente,  me 
excomungou...
Recorri à Suprema Corte Celestial !
Meu  recurso  foi atendido, meu Santo corrigido...
Voltei a sonhar !   

SinvalSilveira

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Poema: VENHA VER



O que restou de tudo o que vivemos, das promessas
que fizemos, do amor que juramos.
Mudamos a história.
Seguimos caminhos diferentes, nas confusas
encruzilhadas da vida.
Os acenos falsos da sedução, os sorrisos sem  graça
e sem razão, cegaram a realidade, mataram aquela
linda paixão.
O vento geme, grita  de dor, trazendo a chuva, 
lembrando as lágrimas derramadas por aquele amor.
As forças se esvaem por entre as mãos, postas como
numa prece,  e sem piedade, desaparecem.
E os meus olhos choram de saudade daquela grande 
felicidade !
Venha ver, sim, venha ver  como eu, o nada do que 
restou...


Sinval Silveira

terça-feira, 17 de abril de 2018

Poema: SABES POR ONDE ANDO ?



Não creio que saibas !
Fujo da vida e me escondo no mundo.
Nem eu mesmo me localizo, quando
mudo de rumo.
Caminho pelas infinitas  estradas da 
imaginação, carregando os fardos  que 
 a vida  me reservou.
Sou amigo dos mendigos, conheço, de 
cada lugar, as  praças e os abrigos.
Minha cama de  papelão, dispensa 
cobertor e colchão, e adormeço  ao 
embalo de uma grande paixão.
Cada cão abandonado, também toca 
fundo o meu coração.
Com eles, divido as poucas migalhas
que  o destino me reservou.
Não preciso de cajado na caminhada.
Cada passo que dou, nasce a esperança
de encontrar uma mão estendida, para 
apoiar este corpo, já claudicante. 
Estou muito longe de ti  mas,  tua imagem
alucinante, sempre está aqui !

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Conto poético: O PAPA OVO



Por aqui,  nesta Cidade, até  mais da metade do
século passado,  as residências  possuíam  
galinheiros e canteiros de hortaliças. 
À frente das casas, ainda que pequenos,  os jardins 
floridos eram o destaque.
Dálias, margaridas e outras  tantas variedades,
eram cultivadas e trocadas  pelos vizinhos, como
forma de bom relacionamento.
Aos fundos, a cantoria dos galos e o cacarejá 
das galinhas, destacavam  a fartura da carne e dos 
ovos.
Não poderia faltar, também, a  presença impoluta
do  carrancudo  guardião do terreiro: o cachorro,
que recebia, como paga, apenas, os restos de 
comida.
Quando  o seu dono o flagrava comendo um ovo,
era desmoralizado com o apelido de "papa ovo".
Espancado, degredado ...
Mas, o castigo mais cruel, mais insensato,  que 
presenciei, foi  colocar um ovo,  com a temperatura 
de 100 graus centígrados, na boca do animal, para
ensina-lo a não mais  comer ovos...
E aquele  "fiel guardião" que, certamente, tantas 
galinhas  das  mãos do ladrão salvou, não merecia,
sequer, um ovo do seu patrão...
 
sinval silveira








domingo, 1 de abril de 2018

Poema: QUEM ÉS TU ?



Preciso,  sempre, conversar contigo.
Sinto que, às vezes, me olhas diferente...
Ficas com medo de olhar em meus olhos.
Observo  as marcas que a vida  deixou em 
tua face,  e  posso contar  a história de todas.
Tristezas,  alegrias, vitórias e derrotas,,  misturadas 
numa só emoção.
Peço conselhos. 
Jamais me negaste atenção. 
Ainda que meio sem jeito, falas me olhando 
nos olhos, mostrando os caminhos que devo 
seguir.
És o meu fiel confidente.
Crescemos, sorrimos e choramos juntos... mas,
por ironia da natureza, somente nos encontramos
no  espelho !

Sinval Silveira